Redação (13/04/2010, Virgo Flos Carmeli) Uma verdadeira parábola de luz, grandeza e esplendor. Este é o sol. Grandioso, não apenas pela quantidade material, pois, a estrela mais próxima da Terra é muito mais que um corpo 1.300.000 vezes mais volumosa que a Terra, em constante combustão a vinte milhões de graus celsius. Dentre todas as maravilhas da natureza o sol sempre foi um tema riquíssimo para todas as formas de arte, porém, o astro-rei é, sobretudo, uma criatura rica em simbologia pela qual se conhece a grandeza do Criador.
Esta riqueza se manifesta, sobretudo, em um de seus aspectos mais atraentes, a aurora. Paulatinamente, a luz do astro invicto dispersa as trevas e conquista todo o horizonte. Em um verdadeiro cerimonial, o céu despoja-se do manto negro da noite e veste-se do claro azul. Este artista da Luz – sem brocha nem pincel – pinta as nuvens de douradas, vermelhas e lilases. Cores e matizes que os gênios da arte tentam imitar. Todos os dias, uma multiformidade incontável de scripts, um espetáculo inédito.
Até a ausência do sol é eloqüente. Dir-se-ia que até os irracionais reconhecem as maravilhas e benefícios desses raios. Narra a História que nas minas de carvão da Inglaterra havia alguns cavalos condenados a trabalhar iluminados apenas pela tênue luz elétrica. Quando estes animais entravam em contato com a luz solar saltavam e relinchavam de alegria.
Até para o homem a noite tem sua mensagem. Quando as trevas se fazem densas, as feras saem de seus esconderijos, pois, a escuridão traz à tona tudo aquilo que se esconde da luz. Com a ausência do sol, o mal aproveita as trevas para o crime. Reina o perigo, o medo e a solidão. O mistério e a incerteza das trevas podem levar muitas vezes o ser humano à melancolia e a tristeza. De fato, os índices de depressão na população aumentam conforme aproximamo-nos dos pólos, devido à carência de luz solar.
Sem a luz do Sol, o homem jamais atingiria o conceito de beleza. Sem estes raios, onde estaria o reluzimento dos diamantes? O próprio ouro não valeria mais que o pó. Seu fulgor não apenas revela todas as cores. Por esta luz irresistível, o Sol governa toda a natureza, desperta o canto dos pássaros e lembra ao homem que é a hora do labor. Este monarca fulgurante rege o tempo, tempera as estações e alimenta os vegetais. Talvez, por esta razão, o governador do Universo herdou um título de nobreza, chamam-no de astro-rei.
Por tanta pulcritude e grandeza, os povos pagãos adoraram este ser que bem parece divino. Entretanto, sabemos pela Revelação, que através das perfeições visíveis da criação, podemos por analogia, conhecer as invisíveis perfeições Divinas (S.Th. 3 q.1 a.1). Por esta razão, Deus criou o sol. Simples criatura, mas, um inconfundível selo de luz que reflete a grandeza do Autor sublime que criou a natureza.
O Sol é uma das mais perfeitas figuras de Deus. Imagem do motor imóvel e Ser necessário, que governa todas as coisas contingentes. Como ensina São Tomás de Aquino, o sol é símbolo de Deus, maximamente visível, mas que, nossos pobres olhos não são capazes de ver diretamente. (S. Th. 1 q.12 a.6).
É tal valor simbólico e a semelhança com Deus, que os autores inspirados usam-no para descrever as maravilhas da visão beatífica. Esse astro inigualável é uma imagem daquele “que iluminará a Jerusalém Celeste” com a face e as vestes resplandecentes de luz. O próprio Divino Mestre comparava-se a si mesmo com sol dizendo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. Através da contemplação do astro-rei, verdadeira parábola de luz, pode-se amar o Criador. Pois, admirando este reflexo da Bondade Divina, Deus nos convoca a brilhar como Ele, através da graça e de nossas boas obras, “como sóis por toda a eternidade”. (Cf. Mt 13,43; Jo 8,12; Mt 17,2; At 26,13; Ap 1,16; Ap 12,1).
Víctor Baltazar Castillo López – 2º Ano de Teologia