Redação (25/10/2010, Virgo Flos Carmeli) São Luís Maria Grignion expõe em sua esplêndida obra, o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, no que consiste a perfeita devoção a Nossa Senhora, além de despertar uma devoção mais ardente e fervorosa.
Na introdução de seu livro, o santo mostra como Nossa Senhora tem sido desconhecida pela humanidade e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser.
A ideia central dos escritos é de que Maria Santíssima, ainda desconhecida, deve ser conhecida, e, sendo conhecida, virá o reino de Cristo. O livro destina-se, pois, a propagar a devoção a Nossa Senhora para que venha o reino de Cristo. Trata-se, portanto, de uma obra de larga visão e de alcance histórico muito amplo, fixando-se no desejo de trazer o reino de Cristo para um mundo que não o possui, fazendo-o preceder em certo sentido pelo reinado de Maria Santíssima.
Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, esta é a razão teológica pela qual São Luís demonstra que o Reino de Cristo será antecedido pelo reinado de Nossa Senhora, portanto, a devoção a Jesus Cristo deve vir ao mundo por intermédio de Maria Santíssima. Espalhar a devoção a Maria Santíssima é, pois, nesta perspectiva, a maior obra a que um homem pode aspirar.
São Luís Grignion, propõe-se a preparar o futuro reino de Cristo, fazendo o que lhe parece ser o mais essencial, o mais importante, o mais urgente, o que produzirá quase que automaticamente o resto: espalhar a perfeita devoção a Maria.
Na mesma época de São Luís Grignion, Bossuet encantava e deslumbrava Versalhes e Paris com suas encantadoras homilias; entretanto, para evitar a ruína religiosa da França, não foram decisivos. O começo da regeneração de todas as coisas está na piedade, no afervoramento da vida interior, está propriamente nos fundamentos religiosos da vida de um povo. O apostolado essencial é de caráter estritamente religioso: afervorar, formar a população na piedade. E a grande lição que São Luís Maria Grignion de Montfort fixa já no início do “Tratado” e desenvolve mais longamente depois, é a de que na formação religiosa é condição básica e indispensável a devoção a Nossa Senhora. Não se formando esta devoção, o próprio regime de expansão da graça na alma fica comprometido, e nada será possível conseguir. Portanto, a devoção a Ela é condição necessária para tudo quanto diz respeito à salvação.
São Luís Grignion tinha, pois, em mente, com este livro, uma obra da mais alta importância para a renovação dos séculos futuros. A nós cabe, portanto, ser sôfregos em possuir esta devoção a Nossa Senhora por ele pregada. Se ela é, como vimos, indispensável para que o mundo se regenere em Nosso Senhor, e se queremos com este escopo trabalhar, é necessário ir em busca desta devoção.
O Tratado da Verdadeira Devoção não é, pois, um livro qualquer de piedade, apresentando uma devoção a algum santo, boa por certo mas que se pode ou não, indiferentemente, ter. A devoção a Nossa Senhora é uma devoção essencial, “conditio sine qua non” para nossa vida. E a poderemos atingir no mais alto grau com a forma e com os fundamentos desenvolvidos por São Luís Grignion de Montfort.
Não se deve pensar que esta devoção é um estilo de santidade inaugurado por São Luís Grignion. A devoção especialíssima e intensíssima a Nossa Senhora é característica de todos os santos. E, embora não se possa dizer que todos a tenham levado ao ponto a que a levou São Luís Grignion, estudando a vida de piedade de qualquer deles notamos sempre uma devoção ardentíssima a Ela, que é a dominante logo abaixo do culto a Deus Nosso Senhor.
Ela, contudo, se reveste em cada um de aspectos particulares; é raro neste sentido encontrar alguém que não tenha encontrado um aspecto novo de piedade em relação a Nossa Senhora. E não há um só que não conheça dever à intercessão d’Ela, não só o seu progresso espiritual, mas até mesmo a sua perseverança. Todos passam por duras provas espirituais, das quais se veem livres por uma intervenção especial d’Ela.
Estas afirmações não devem ficar no vácuo; é preciso sabermos aplicá-las concretamente em nossa vida espiritual: nas dificuldades, nos problemas, nas lutas. É preciso lembrarmo-nos de que Nossa Senhora é a onipotência suplicante, e termos n’Ela uma confiança ilimitada. Mas nem sempre a temos tão arraigada no espírito quanto desejaríamos.
Imaginemos, por exemplo, que Deus aparece à nossa mãe terrena e lhe dá a possibilidade de nos fazer todo o bem que quiser; ficaríamos, evidentemente, radiantes, pois, tudo conseguiríamos com facilidade. Ora, Nossa Senhora nos ama imensamente mais do que todas as mães terrenas reunidas amariam seu filho único…
Sejamos então ousados em nossos pedidos, e peçamos com confiança.
Caio Pereira da Silva – 3º ano de Teologia