Redação (14/06/2011, Virgo Flos Carmeli) Uma noite, indo tomar água no mosteiro onde vivo, percebi que havia em um canto, onde ocorre a junção das duas paredes com o teto, algo um pouco diferente. Este cômodo da casa não possui lustre, sendo sua iluminação feita através de uma arandela, cuja luz se projeta diretamente nesta junção de paredes. Por tratar-se de uma região cercada de abundantes árvores e densa vegetação, muitos mosquitos foram atraídos por aquele foco de luz em plena escuridão selvagem, fazendo daquele canto uma verdadeira coleção biológica.
Os mosquitos não foram os únicos a tirar vantagem da situação. Uma pequenina aranha percebeu toda a movimentação de insetos naquele local e viu ali uma rica fonte de alimentação. Durante o dia havia tecido maravilhosamente sua teia, mostrando-se boa conhecedora das leis arquitetônicas.
Uma distraída mosca teve seu vôo interceptado pelas fortes, mas quase imperceptíveis teias. Presa e sem saber como desvencilhar-se, a mosca batia a asas desesperadamente, sem se dar conta que quanto mais procurava sair da teia, mais ficava envolvida por aquela situação. A aranha, que olhava a cena discretamente, se lançou rápida ao trabalho. Medindo apenas a metade do tamanho da mosca, laçou as asas dela com uma agilidade única. Em poucos minutos a mosca estava completamente imobilizada e seria longamente apreciada para aranha durante suas refeições. Triste fim para aquele inseto que buscava a luz em meio à madrugada…
Este fato aparentemente sem importância fez despertar em mim um pensamento religioso. Deus havia permitido aquela “tragédia” natural da cadeia alimentar, para transmitir-nos uma mensagem.
Os insetos buscaram aquela luz refletida na parede por causa de algum instinto natural, mas nós buscamos a luz da salvação eterna para qual fomos criados. Esta luz nos atrai, pois sabemos que fomos feitos para ela e somente buscando-a seremos felizes. No entanto, quantas e quantas vezes a vida não nos apresenta teias nas quais nos vemos presos?
Às vezes trata-se de problemas familiares, ou talvez sejam os conflitos no trabalho. Problemas e mais problemas circundam o nosso dia a dia e, se não tomarmos cuidado, corremos o risco de nos prender neles de forma que já não saberemos mais sair dessas teias. Quando isto acontece, o demônio, que antes não tinha tanto poder sobre nós, percebe o momento propício de terminar de nos envolver nesses problemas e o resultado nós já sabemos qual é…
Portanto, para não entrarmos nas enganosas teias da vida é necessário nunca nos esquecermos que a nossa vocação de cristão é a santidade, pois só ela poderá nos conduzir a esta luz maravilhosa da visão beatífica. E nada melhor do que rezar a Nossa Senhora, pois ainda quando estejamos completamente envolvidos por todas as teias da vida, Ela conseguirá nos libertar e nos reconduzirá ao bom caminho, o caminho da luz…
Thiago de Oliveira Geraldo