Redação (31/01/2012, Virgo Flos Carmeli) Como todas as quintas-feiras, “mamma Margarita” — a mãe de São João Bosco — vai ao mercado de Castelnuovo vender queijo fresco, frango e verduras. Retorna com tecidos, velas, sal, e sempre alguns presentinhos para os meninos que, no início do pôr-do-sol, vão ao seu encontro numa só corrida, estrada abaixo.
Enquanto ela não chega, João e José (9 e 10 anos) se entretêm com diversos jogos, como a “lippa”, que consiste em lançar de um para outro um cilindro de madeira, devendo este ser agarrado com jeito, caso contrário cai ao chão.
João, querendo dificultar um pouco a brincadeira, lança com força o objeto ao irmão, indo parar o pequeno cilindro no telhado da casa…
— Que fazer? — pergunta José.
— Há outro na cozinha! — grita João — Vou buscá-lo!
O brinquedo está sobre o armário, um pouco alto demais para o pequenino, que na ponta dos pés estica o bracinho e o agarra, mas… ao lado havia uma terrina de azeite que vem junto e, paft!, estatela-se no chão, espalhando óleo e cacos de vidro por toda a cozinha.
José, não vendo o irmão de volta, corre, entra na cozinha, arregala os olhos e põe a mão na boca, num grito abafado…
— Ai! Só quero ver quando a mamãe voltar!
Tentam remediar, desesperados, manobrando a vassoura e a pá: os cacos são recolhidos, mas… ah!, o óleo, esse já se foi; esparramou-se todo por entre os ladrilhos vermelhos; e a mancha ia se alargando, se alargando, tanto quanto o medo dos dois garotos.
José corre para a estrada, para ver se avista a mãe.
João, usando a cabeça, passa meia hora em silêncio, pensando… Depois, tira do bolso o canivete, vai à cerca e corta um galho flexível, senta-se sobre uma pedra e, ao trabalho… Ao mesmo tempo vai ele estudando as palavras que dirá à sua mãe…
Terminada a “escultura” de pequenos desenhos feita no ramo, vêem a mãe chegando. Vão-lhe ao encontro; João à frente, correndo, e José, desconfiado, um pouco atrás.
— Boa tarde, mamãe. Como foram as compras? — pergunta João.
— Bem, e vocês, passaram bem?
— Hum… “Mamma”, veja — e entrega a varinha decorada com capricho.
— O que você aprontou desta vez, meu filho?
— Desta vez mereço mesmo apanhar… Desobedecendo a senhora, subi no móvel da cozinha e… quebrei o vaso de óleo… Fiz para a senhora uma varinha, porque mereço mesmo ser castigado; aqui está ela.
Dizendo isto, põe nas mãos da mãe o ramo, olhando-a de alto a baixo, com seus olhos negros arrependidos e muito astutos…
“Mamma Margaritta” contempla-o por instantes, e explode numa risada. E riem-se os dois. A mãe o toma pela mão e entram em casa.
— Saiba que você está se tornando um espertalhão, João! Desagrada-me o vaso quebrado; somos pobres e o azeite custa caro, mas estou satisfeita, porque você não me contou nenhuma mentira. Porém, esteja atento numa próxima vez, pois quem pouco possui, zela pelo que tem.
Nesse momento José, que viu se desfazer a “tempestade” temida, também sorri e vai dar um abraço em sua mãe.
A verdade e a sinceridade triunfam cheias de benquerença, fazendo verdadeiro o antigo ditado: “Quem fala a verdade, não merece castigo!”
(Baseado na biografia de São João Bosco)