Redação (25/09/2013, Virgo Flos Carmeli) Que maior prova de amor poderia nos oferecer Maria? Que dúvida poderia haver em ser Ela verdadeiramente nossa Mãe? Mas, Ela não fez uma entrega passiva de seu Filho. “Junto à Cruz de Jesus estava Maria, sua Mãe, participando dos sofrimentos de seu Divino Filho. E para que sua compaixão fosse completa, Ela também considerou a causa de todas aquelas dores, ou seja, os pecados dos homens, e já então começou a interceder pela humanidade culpada. Assim, enquanto o Verbo de Deus, pregado ao Madeiro, discernia a espantosa quantidade de pecados cometidos pelos homens ao longo dos séculos, Nossa Senhora Lhe pedia o perdão para cada um deles.”[1]
“Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no Templo, padecendo com Ele quando agonizava na Cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa Mãe na ordem da graça”.[2]
Mãe do Homem-Deus, Ela foi Mãe de todos aqueles que nasceram para a graça através Nosso Senhor Jesus Cristo. Mãe do Redentor, Ela se tornou Mãe dos pecadores que, regenerados pelo Preciosíssimo Sangue de Cristo, foram resgatados por um preço tão alto, e que não custou apenas a seu Filho, mas também a Ela.
“Pior que a espada, transpassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: ‘Mulher, eis aí o teu filho? (Jo 19,26). Oh! Que troca incrível! Mãe, João te é entregue em vez de Jesus, o servo no lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isso deixaria de transpassar tua alma tão afetuosa, se até a lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?”[3]
Ao mesmo tempo que Nosso Senhor Jesus Cristo operava a redenção da humanidade, nascia a Santa Igreja de seu costado aberto. Desta dor participava Nossa Senhora. Por quê negar que Ela assim participava também do nascimento da Igreja como Mãe terníssima?
“Mãe de Cristo, Maria é também Mãe da Igreja. Maria é Mãe espiritual de toda a humanidade, porque Jesus derramou o seu Sangue na Cruz por todos, e a todos confiou da Cruz à sua solicitude materna”.[4]
Durante os três dias em que Nosso Senhor ficou no Santo Sepulcro, Maria sustentou misticamente em seus braços a recém nascida Igreja. Após a ressurreição do Senhor, Ela reuniu em torno de Si, no Cenáculo, os apóstolos, exercendo sua maternidade em relação à Igreja nascente (cf. At 1,14).
“No Cenáculo Ela aparece como Mãe do Corpo Místico de Cristo, Ela é Mãe da Cabeça no Calvário e Ela é Mãe do Corpo no Cenáculo. E essa junção entre Calvário e Cenáculo, é indispensável para nós termos uma visão ampla e profunda da nossa Fé em relação a Nossa Senhora. Ela é no Cenáculo Mãe do Corpo Místico e, portanto, Mãe da Igreja.”[5]
Mas sua maternidade não deixou de ser exercida com sua subida aos céus. “Nós acreditamos que a Santíssima Mãe de Deus e Mãe da Igreja, continua no Céu a sua função maternal em relação aos membros de Cristo, cooperando no nascimento e desenvolvimento da vida divina nas almas dos remidos”.[6]
“Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, e mesmo depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna”.[7]
Foi pelo fecundo e ininterrupto “Fiat” de Maria, em estreita união com os méritos infinitos de seu divino Filho, que a Santa Igreja nasceu.
Nossa Senhora, que soube ser tão boa e misericordiosa com seus filhos, os terá abandonado? Porque duvidar de sua bondade ilimitada, da qual Ela deu tão grandes provas? “Por mais miserável, imundo e repelente que seja o filho pecador, a Mãe de misericórdia o perdoa e roga por ele ao Senhor, aplacando a justiça divina. Advogada supremamente boa, Nossa Senhora, em favor de cada um dos pecadores que a Ela recorre, dirige a Jesus Cristo esta súplica: ‘Meu Deus e meu Filho, pelo vosso dolorosíssimo sofrimento no Calvário, pela minha Imaculada Conceição, pela minha perpétua virgindade, pelo amor que Vós sabeis que Vos tenho, peço-Vos: perdoai-o!’.
Essa contínua e ilimitada intercessão de Maria pelos homens é, sem dúvida, o meio mais seguro que temos para alcançar o perdão divino”.[8]
[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Trecho sem data. Arquivo ITTA.
[2] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 61.
[3] BERNARDO, São. Liturgia das Horas. Ed. Vozes/Paulinas/Paulus/Ave Maria, Vol. IV, São Paulo, 1999, p. 1281-1282.
[4] Homilia de Bento XVI em 1 de Janeiro de 2007.
[5] SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS. Primeira Homilia. 11 maio 2008. Arquivo ITTA.
[6] Encíclica Redemptoris Mater de João Paulo II.
[7] Cfr. Kleugten, texto reformado De mysterio Verbi incarnati, cap. IV: Mansi 53, 290. Cfr. S. André Cret., In nat. Mariae serm. 4: PG 97, 865 A. S. Germano de Constantin., In ann. Deiparae: PG 98, 321 BC; In dorm, Deiparae, III: col. 361 D.-S. João Damasceno, In dorm. B. V. Mariae, Hom. 1, 8: PG 96, 712 BC-713 A.
[8] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência para jovens. 04 abril 1980. Arquivo ITTA.