Poucas coisas do mundo material nos convidam tanto a ascender à esfera superior dos princípios e das ideias, até mesmo a sonhar de olhos abertos, como as estrelas…
Redação (14/05/2011, Virgo Flos Carmeli) Quantas vezes, afastados do corre-corre diário, numa noite com o céu límpido e longe das luzes da cidade, não nos encantamos contemplando o firmamento celeste repleto de estrelas que cintilam misteriosamente? E quantas vezes não tivemos vontade de apalpá-las, saber do que são feitas, por que reluzem de maneira tão atraente?
A ciência define as estrelas como corpos celestes produtores e emissores de energia, com luz própria. A física nos elucida que são compostas de plasma e que, por causa de sua pressão interna, produzem energia por fusão nuclear.
Aceitamos a explicação, mas ela não nos contenta. Será que aqueles pontinhos tão fascinantes, que parecem criados para os nossos olhos contemplá-los e nossos dedos tocá-los, se reduzem a uma confusa massa de gás incandescente?
Desde tempos imemoriais, os astrônomos estudaram as estrelas, as agruparam em constelações e lhes deram nome; por elas se guiavam viageiros, navegantes e povos em suas locomoções. O homem sempre as contemplou, analisou e sonhou com elas… Mas nunca conseguiu transpor as distâncias incomensuráveis que delas nos separam.
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Contudo, podemos dizer que Deus não criou estrelas apenas na abóbada celeste, mas também na Terra. Deu-lhes formas, tamanhos, cores e brilhos os mais variados, e não as pôs a distâncias incalculáveis, mas, pelo contrário, ao alcance da mão, onde podem ser admiradas bem de perto. Falamos das pedras preciosas…
Ao longo da História, os povos utilizaram diamantes, safiras ou ametistas para prestar homenagem aos seus soberanos. Ao incrustá-las em um cetro, ou em uma coroa, visavam simbolizar a autoridade do governante e manifestar sua riqueza e poder.
E a Igreja Católica, procurando circundar o Rei dos reis com toda a glória que lhe é devida, “coroou-O” com aquilo que na Terra há de mais belo e digno. Por isso vemos as pedras preciosas bem próximas a Nosso Senhor Sacramentado nos cálices e ostensórios, ou incrustadas em crucifixos e relicários, postas em destaque nos altares e imagens e em outros lugares de honra.
Trata-se da criatura louvando o Criador, do efeito que retorna à Causa. Uma vez que recebemos de Deus tantos benefícios devemos usá-los para adornar Seu culto com aquilo que de melhor Ele nos deu.
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As pedras preciosas têm, ainda, graças à sua beleza e distinção, a possibilidade de simbolizar a maior e mais bela joia de Deus, Maria Santíssima, chamada no Ave Mundi de gemma cæli luminarium — joia entre as estrelas que refulgem no Céu.
E, de fato, o luminoso azul da safira ou o aveludado nácar da pérola não nos ajudam a compreender quem foi a um tempo Mãe e Virgem, criatura e Mãe do Criador, capaz de conter em si Aquele que o universo foi incapaz de conter?
Pensando bem em todo este elevado simbolismo, quase seríamos levados a dizer que não são as pedras preciosas estrelas da Terra, mas, sim, são as estrelas as pedras preciosas do céu…
Filipe de Matos Oliveira Torres
ARAUTOS DO EVANGELHO, maio 2009, n. 89.