Redação (08/09/2010, Virgo Flos Carmeli) Silencioso, doce e amável, o crucificado ainda hoje é réu de julgamento. Nos tribunais da União Europeia tramita uma lei que procurar banir o crucifixo das instituições públicas de ensino, em nome da secularização e do respeito à liberdade de culto.
A acusação foi feita por uma senhora incrédula finlandesa, que sentia sua filha impelida à religião devido à presença do crucificado na sala de aula. Em dezembro de 2009, o Parlamento Europeu para os direitos humanos determinou a retirada de todos os crucifixos de estabelecimentos públicos do continente. Parece que os crucifixos andam a incomodar muita gente. Por enquanto ainda os há nos topos das igrejas, e até há quem tenha a ousadia de traçar semelhante sinal na via pública… incomodados mesmo ficam aqueles que não acreditam. Curiosamente, as outras religiões até agora não se manifestaram quanto à visibilidade da cruz, talvez por terem evoluído em tolerância.
Entretanto, a norma da retirada da cruz suscitou a mais ampla reação registrada na História do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH): 20 países se declararam oficialmente em defesa da Cruz. É digno de nota que entre os grandes países católicos da Europa Ocidental, somente a Itália dignou-se tomar a defesa da presença do crucifixo nas salas de aula. Todavia, para alegria dos cristãos de todo mundo, países católicos e ortodoxos uniram-se na defesa da cruz, símbolo do patrimônio cultural, histórico e religioso da civilização cristã. Alguns países de maioria católica como Polônia, Áustria, Croácia, Lituânia, Malta e Mônaco, prestaram apoio à Itália em defesa da presença da Cruz. O caso está indo para instâncias superiores do Tribunal Europeu.
Algumas perguntas se impõem em nossos corações católicos: Irão novamente condenar o crucificado? Quem lavará as mãos desta vez? Excluir o crucificado das salas de aula é realmente respeitar a memória histórica de uma nação e as crenças religiosas dos alunos, visto que na sua imensa maioria são cristãos? Onde está a representação de alguns países cristãos, outrora tão fervorosos e propagadores da Fé, como Portugal, Espanha, França e Bélgica?
Afinal, a caça às bruxas que tanto se condenou no passado, parece que voltou na sociedade livre, mas contra os cristãos.. Quem a promove? Curiosamente, os que não acreditam em bruxas. Afinal, perseguir o inexistente, parece contrário ao bom senso geral. Quem diria, a escola pública, que a todos acolhe, um dia ainda viria a negar um lugar no cantinho da parede ao crucificado… Parece que só ele não pode lá entrar…
Por um compreensível contexto sócio-cultural as nações da América Latina tendem a imitar as atitudes boas – às vezes más – dos países banhados pelo Atlântico Norte. De fato, lá estão as nações ditas “desenvolvidas”. Espero que o Brasil não queira vergonhosamente imitar esta atitude ofensiva à religião, à cultura e à identidade nacional. Ninguém como Jesus passou fazendo bem na terra e mereceu a injusta condenação de Pilatos. Ora, nosso século XXI cometerá o mesmo erro do governante romano? Novamente condenarão a Jesus? Isto é liberdade de culto no estado que se diz laico, mas na verdade parece anticristão?
Ninguém neste mundo que se pretende moderno e tolerante critica o que não pertença ao mundo real, mas que ao imaginário. Desejo sorte ao Estado Laico. Quem sabe se entre eles surgirá uma personagem tão carismática como aquele Jesus de Nazaré, que os faça durar, pelo menos, mil anos. Mas sabemos que os governos ou mesmo os partidos não costumam durar tanto… E conquistar a adesão daqueles milhões que, genuflexos, ainda pensam adorar o que eles dizem não existir.
Rezemos para que as nações pretensamente desenvolvidas não cheguem a cometer a mesma barbaridade de há dois mil anos atrás.
Marcos Eduardo Melo dos Santos – 2º ano de Teologia