Redação (18/09/2013, Virgo Flos Carmeli) Logo vemos um contraste marcante entre as duas construções, a catedral de Colônia e a ponte moderna. Saltam aos olhos as diferenças de duas épocas, a medieval que nos legou um magnífico edifício, e a moderna que corta o panorama com a estrutura metálica.
Mais do que meros desiguais, percebemos um profundo abismo de mentalidades divergentes. Analisemos separadamente cada uma delas, a partir das fotografias, e demos largas à nossa imaginação, acompanhando as diversas pessoas, em todos os tempos, que por aí passaram e passam.
Idade Média, estamos em 1248, grande regozijo na cidade de Köln (Colônia) pelo inicio da construção do Templo sagrado. Todo o povo satisfeito e contente celebra o acontecimento. Vê-se nas fisionomias uma piedosa alegria: enfim a cidade terá sua própria catedral. Todos se unem num comum esforço com o intuito de ajudar nos preparativos da construção.
Passa-se o tempo e por fim chega o dia tão esperado da dedicação, 27 de setembro de 1322. Mesmo que o templo ainda não esteja terminado (ele só será inteiramente findado em 1880), tal é o fervor que sua inauguração é antecipada. Assim, na data marcada, comparece concorrido público. Denota-se na multidão que acorre ao recinto uma feeria de cores: estandartes, bandeiras, trajes… Todos numa santa alegria acompanham entusiasmados a cerimônia que é presidida por um virtuoso prelado. São almas enlevadas pelo ambiente que é a própria expressão em alvenaria do interior medieval, sereno e alegre.
Passam-se os séculos, praticamente uns 700 anos, Colônia já não é a mesma. Não que sua arquitetura fora totalmente refeita, ela ainda conserva muitos de seus antigos monumentos. A principal mudança foi a operada nas almas. Os passantes que lá se encontram não têm mais a leveza dos medievais, não vemos mais nos rostos o bem estar espiritual, a virtude cedera lugar à inquietação, à agitação. Todos passam rápida e nervosamente à procura do dinheiro ou do prazer.
Deste modo, bem perto da catedral encontra-se uma ponte. Porém da mesma forma que a catedral exprime uma mentalidade, esta também. É uma estrutura colossal, toda em aço, fria, cor natural de sujeira, suporta ela um emaranhado de trilhos por onde passam rapidamente escandalosos trens. Em suma exprime o progresso moderno, onde tudo é grande e de estilo… assustador.
Imaginemos que por um qualquer prodígio um medieval chegasse aos dias de hoje, passaria ele benevolamente pela ponte? Não teria ele um choque, arrepio por ver tal monstruosidade?
Mas paralelamente, as pessoas de hoje ainda passam pela catedral. Muitas vão à procura do que já há muito o mundo não lhes pode oferecer: a paz de alma, verdadeira felicidade. Assim vê-se hoje multidões que anualmente visitam o monumento da “Idade das Trevas”… O domo atrai os que em desespero de causa procuram um apoio, um refúgio espiritual, ou quem por uma mera curiosidade, por puro turismo é atirado pela beleza do prédio da “obscura Idade Média”. Dizem as estatísticas que este é o monumento mais visitado da Alemanha, e cada vez mais há quem procure frequentá-lo. Assim, em 2001, o número de ingressantes fora de 5 milhões, e em 2004 já foram 6 milhões, a cada ano mais e mais…
Passam o homens contemporâneos pela ponte? Claro que sim, mas fazem somente passar, ou procuram nela algo?
É inegável que a maioria apenas passa, mas – hélas – acontece que alguns vão à procura da paz, que o mundo moderno não lhes deu. E jogando-se dela, ou então nos trilhos, procuram atenuar suas penas com o fim de suas vidas…
Enfim temos nestas duas construções um exemplo típico de mentalidades destoantes, separadas pelos séculos. Nestas duas antíteses percebemos a superioridade medieval, onde impera o maravilhoso, reflexo de Deus, sobre a sordicie moderna regida pelas paixões humanas desregradas.
Diác. Michel Six, EP