Redação (02/06/2014, Virgo Flos Carmeli) Muitas pessoas perguntam por que existe devoção a Nossa Senhora; por que rezar a Ela, fazer imagens em sua representação, construir capelas e igrejas em sua honra. Por quê tanto fervor por Maria? Isso não é um exagero?
Além do mais, se já temos Jesus – que é Deus – a quem rezar, por que pedir graças a Ela, que não é Deus, mas apenas criatura? Isso não é desviar a atenção do Filho de Deus, que se encarnou para salvar os homens? Por que então, Maria?
Para encontrar a resposta, não precisamos buscar em muitos lugares. Não é necessário ir aos livros, nem fazer grandes pesquisas. Se quisermos saber quem deu início a esta prática, quem é o “culpado”, por assim dizer, da imensa e secular devoção que todos os povos, de todas as raças e de todas as línguas têem a Maria, vamos encontrar apenas um nome: JESUS CRISTO.
Sim, Ele foi o primeiro devoto da Virgem Maria. E um sacerdote de nossos tempos, o Pe. Pinard De La Boullaye, S.J., diz que “a devoção à Santíssima Virgem Maria começou na gruta de Belém, no primeiro sorriso que teve o Menino-Deus, respondendo ao sorriso de sua queridíssima e perfeitíssima Mãe, e não parou de crescer até o último minuto de sua morte na cruz!”
E se alguém quiser ainda mais provas de como a devoção a Maria é querida pelo próprio Deus, e não é uma invenção dos homens, recorramos aos evangelhos. Sim, ali encontraremos muitas passagens que nos indicam a necessidade da devoção a Maria.
Vemos o arcanjo Gabriel chamar-lhe de “cheia de graça” (Lc 1,28). Ora, para que um anjo conceda a alguém esse título, qual não é a imensidão de graças que deve possuir essa pessoa? Logo a seguir vemos o mesmo anjo anunciar a Maria que Ela daria à luz um filho que se chamaria “filho de Deus”. Ou seja, o próprio Deus escolheu Maria para n’Ela habitar durante todo o tempo da gestação, como em um sacrário puríssimo. Podemos achar pouco isso?
Se lermos mais um pouco do evangelho de São Lucas, ainda veremos mais um prodígio realizado pela intercessão de Maria: ao visitar a sua prima Santa Isabel, o simples efeito de sua voz, ao atingir os ouvidos de sua parente, faz um bebê com apenas seis meses de gestação pular de alegria, e ali mesmo receber todas as graças da justificação. Era a primeira graça que o Verbo encarando concedia no Novo Testamento, e quis fazê-lo através de sua Mãe. Eis o efeito da voz de Maria.
E temos mais: São João (Jo 2,1) nos conta que, estando Jesus num casamento, na cidade de Caná, falta o vinho necessário para a festa. E pela iniciativa de Maria, e por sua intercessão junto a seu Divino Filho, é realizado o primeiro de inúmeros milagres da vida pública do Salvador. Quantas maravilhas fez Jesus por causa de sua Mãe!
E se queremos que os santos nos ensinem como a devoção a Maria foi instituída pelo próprio Deus, ouçamos São Luis Maria Grignion de Montfort: “Deus reuniu todas as águas e chamou-as mar. Reuniu todas as graças e chamou-as Maria”. E São Bernardo: “A Virgem Maria foi escolhida especialmente por Deus, antes de todos os séculos, para ser guardada pelos anjos e prometida pelos profetas para ser a Mãe de Deus e nossa Mãe”.
E se queremos saber como deve ser a nossa devoção particular a Maria, os santos assim nos ensinam: “Tudo quanto a Virgem Santíssima pede em favor dos homens, obtém, com certeza, de Deus”, diz Santo Afonso Maria de Ligório; São Germano nos anima a confiar sempre na intercessão de Maria, pois “Jesus não pode deixar de ouvir Maria em todas as suas preces, pois quer obedecê-la em tudo, como um bom filho obedece a sua mãe”.
Por fim, São Bernardo exorta-nos a invocá-la em nossas necessidades: “nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que seu nome nunca se afaste de seus lábios, jamais abandone teu coração. Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nEla, evitarás todo erro.
“Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, nunca te cansarás; se Ela te ajuda, chegarás ao fim”.
Não tenhamos, pois, receio em amar a Maria, e sermos devotos seus de todo o coração e de toda alma. Pois nos diz ainda o Pe. Pinard que “Jesus quis ser nosso modelo em tudo, quis ser também modelo da piedade mariana. E se queremos nos perguntar qual é o limite que deve existir para a devoção mariana, ei-la: amai Maria, se puderdes, tanto quanto Jesus A amou. Sim, o modelo de piedade mariana é o próprio Filho de Deus!”.
Alessandro Scherma Schurig