Redação (14/09/2013, Virgo Flos Carmeli)
1. Infância
Raimundo Kolbe nasceu a 8 de janeiro de 1894, em Zdunska Wola, na Polônia, de família pobre que lhe proporcionou pouco conforto material, mas profundamente religiosa, que lhe ofereceu um profundo espírito católico e de aderência à vontade de Deus.
Ainda quando menino, possuía um defeito muito definido: gostava demasiado de brincar. Era muito vivo e alegre. Sua mãe insistia que ele chegasse num determinado horário em casa, mas ele a desobedecia com freqüência, ultrapassando esse limite de tempo. A mãe, sumamente religiosa e perspicaz, deu-se conta da futura gravidade que poderia adquirir esse pequeno defeito.
Certo dia, quando ele tinha 10 anos, chegou especialmente atrasado em casa, devido a brincadeiras com seus amigos. A sua genitora decidiu chamar-lhe a atenção. De modo firme, porém com carinho, mostrou-se desgostosa com ele, e no final perguntou-lhe: “Meu pequeno, o que vai ser de você?” Ele nada disse, e retirou-se.
2. Aparição de Nossa Senhora
A família de São Maximiliano possuía um pequeno altar no qual, após a repreensão, ele ficou horas rezando e chorando diante deste altar, o que deixou a sua mãe preocupada.
Um dia ela foi perguntar o que tinha acontecido com ele, dizendo que para sua mãe devia contar tudo. Com lágrimas nos olhos ele contou o que lhe tinha acontecido.
Ele revelou que após o “puxão de orelhas” de sua mãe, quando ela perguntou a ele o que seria dele, rezou muito a Nossa Senhora para Ela dizer o que seria dele. Em seguida, indo à igreja, rezou novamente. Então Nossa Senhora apareceu a Raimundo tendo nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha. Olhava-o com afeto, e perguntou qual das duas ele queria. A branca significava que perseveraria na prática da pureza; a vermelha, que seria mártir. Respondeu que queria as duas. Então a Virgem o olhou docemente e desapareceu.
3. Vida apostólica
Aos 13 anos, entrou no seminário dos Frades Menores Conventuais e recebeu o nome de Maximiliano Maria. Concluindo os estudos preliminares, foi enviado a Roma para obter doutorado em filosofia e teologia.
Em 1917, movido por um incondicional amor a Maria, fundou o movimento de apostolado mariano com o nome de “Milícia da Imaculada”. A milícia seria uma ferramenta nas mãos de Nossa Senhora para a conversão e santificação de muitos. No ano seguinte foi ordenado sacerdote e enviado de volta à Polônia, onde foi mandado lecionar num seminário franciscano em Cracóvia, onde organizou o primeiro grupo da “Milícia da Imaculada” fora da Itália.
Recebendo a permissão de seus superiores para dedicar-se mais à promoção de seu apostolado mariano e desejoso de que muitas almas conhecessem a Deus e amassem sua Mãe, começou a evangelizar através da imprensa escrita. Em 1922, mesmo sem dispor de recursos financeiros, fundou uma revista mensal intitulada “Cavaleiro da Imaculada”, que poucos anos depois chegava à elevada tiragem de um milhão de exemplares. A esta revista seguiram-se outras iniciativas editoriais: uma revista para crianças, “Pequeno Cavaleiro da Imaculada”; uma revista latina para sacerdotes, “Miles Immaculatae”, e um diário que chamou de “Pequeno Jornal”, com 200 mil exemplares. O apostolado da imprensa era seu carisma.
Em 1929 fundou um convento, que era local para trabalhos dos franciscanos e de oração chamado “Niepokalanow”, que significa cidade de Maria. Dois anos depois foi para o Japão, a pedido do Santo Padre, onde fundou outra cidade da Imaculada, e criou ali uma revista com o nome de “Cavaleiro da Imaculada.” Chegou a instalar uma emissora de rádio e a estender suas atividades apostólicas: entre 1930 e 1936 foi missionário em Nagasaki. Ele desejava ir à Índia, mas teve que voltar a Polônia como diretor espiritual de “Niepokalanow” em 1936.
No dia 1º de setembro de 1939, as tropas alemãs tomaram a Polônia de surpresa, destruindo qualquer resistência. Os frades foram dispersos e Niepokalanow foi saqueada. Frei Maximiliano e cerca de 40 outros frades foram levados para os campos de concentração, mas acabaram sendo libertados na celebração da Imaculada Conceição do mesmo ano. Em 17 de Fevereiro de 1941 frei Maximiliano é novamente preso pelas tropas alemãs e transferido para Auschwitz em 25 de Maio como prisioneiro de número 16670.
Em resposta ao ódio dos guardas do campo de concentração, Frei Maximiliano era obediente e sempre pronto a perdoar. E aconselhava os colegas prisioneiros a confiar na Imaculada, a perdoar, a amar os inimigos e orar pelos perseguidores. Era notado pela generosidade em dar o seu alimento aos outros, apesar dos prejuízos da desnutrição que sofria, e por ir sempre ao fim da fila da enfermaria, apesar da tuberculose aguda que o afligia.
4. Martírio
Na noite de 3 de agosto um dos prisioneiros que estava na mesma seção de São Maximiliano conseguiu fugir do campo de concentração e, em represália ao acontecimento, o comandante das tropas ordenou a morte por inanição de dez prisioneiros desta seção. Estes foram escolhidos aleatoriamente. Dentre os escolhidos havia um general que lamentava por nunca mais ver sua esposa e seus filhos, ao que São Maximiliano se ofereceu como vítima em seu lugar. O comandante aceitou.
Os 10 prisioneiros, despidos, foram empurrados numa pequena, úmida e totalmente escura sala dos subterrâneos, para morrer de fome. Durante 10 dias Frei Maximiliano conduziu os outros prisioneiros com cânticos e orações, e os consolou um a um na hora da morte. Após esses dias, como ainda estava vivo, recebeu uma injeção letal e subiu ao Paraíso. Era o dia 14 de agosto de 1941.
O corpo de São Maximiliano Maria Kolbe foi cremado e suas cinzas atiradas ao vento. Numa carta, quase prevendo seu fim, escrevera: “Quero ser reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento do mundo”.
5. Glorificação
Ao final da Guerra, começou um movimento pela beatificação do Frei Maximiliano Maria Kolbe, que ocorreu em 17 de outubro de 1971, pelo Papa Paulo VI.
Em 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, o general pelo qual São Maximiliano ofereceu sua vida, e que sobreviveu aos horrores de Auschwitz, São Maximiliano foi canonizado pelo Papa João Paulo II, como mártir da caridade.